Publicado em 9/11/2009 by Redação, nas categorias Sociologia.
Sociologia Brasileira
A Sociologia é
uma das ciências humanas que estuda a sociedade, ou seja, estuda o
comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os
indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua
singularidade é estudado pela psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica,
que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando
os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes
sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.
1-GERAÇÃO DE 30
A sociologia, como atividade voltada para o conhecimento sistemático e
metódico da sociedade, só aparece na década de 30 com a fundação da
Universidade de São Paulo, embora o pensamento sociológico já existia no Brasil
dês do final do século XIX, desenvolvido por Euclídes da Cunha em sua obra Os
Sertões e nas idéias abolicionistas e republicanas.
Nessa época uma das preocupações em geral dos intelectuais era o
interesse da descoberta do Brasil verdadeiro, contradizendo aquela visão
etnocêntrica dos europeus. Buscavam também desenvolver e modernizar a estrutura
social brasileira.
Os intelectuais desse período ficaram conhecidos como geração de 30,
dentre eles podemos destacar:
1.1-Gilberto Freire
Gilberto de Melo Freire nasceu em Recife PE em 1900. Sua obra em geral
representou um divisor de águas na evolução cultural do Brasil e contribuiu
para que o país encarasse com mais confiança seu papel no mundo moderno.
Indo fazer sua pós-graduação nas universidades norte-americanas de
Baylor (Waco, Texas) e Colúmbia (Nova York) onde esteve sob a influencia de
Frans Boas. Ao termino do curso apresentou em 1922 a tese: Social live in
Brazil in the middle of 19th century (A vida social no Brasil em meados do
século XIX), que mais tarde se transformaria em seu famoso livro Casa-Grande
& Senzala, publicado em 1932, tendo um impacto tão grande quanto Os Sertões
de Euclides da Cunha. Nesta obra, Freire imprime sua visão poderosa e original
dos fundamentos da sociedade brasileira, descreve com objetividade a
contribuição do negro e o fenômeno da miscigenação na formação social do
Brasil.
1.2-Caio Prado Júnior
Procurava formalizar o método marxista para análise da realidade
brasileira.
Caio Prado vinha de uma das famílias mais ricas e conceituadas do Brasil
naquela época.
Em Evolução política do Brasil (1933) interpretava a situação
político-colonial brasileira a parti das relações internacionais capitalistas e
seu mecanismo comercial, desde a expansão marítima européia.
Depois de uma viagem a União Soviética, em 1938 ele publica: URSS: um
novo mundo, desde então se torna militante de esquerda, assumindo a presidência
da Aliança Nacional Libertadora em São Paulo, motivo este de sua prisão e exilo
(1935-1939). Ao voltar para o Brasil publicou mais duas obras de grande
repercussão nacional: Formação do Brasil Contemporâneo (1942) e Historia
econômica do Brasil (1945).
1.3-Plínio Salgado
Destaca-se pelo seu integralismo, como um movimento nacionalista,
anticomunista, antiliberal e anti-semita. Via com desconfiança não só o
movimento modernizador da sociedade, mas como também o liberalismo e o
marxismo.
Depois de uma viagem a Itália em 1930 onde conheceu Mussolini, voltou
decidido a fundar um movimento fascista no Brasil. Já em 1932 publica o
Manifesto de outubro e participa da fundação da Ação Integralista Brasileira
(AIB) que seria o meio de compatibilizar os aspectos dicotômicos da sociedade
brasileira, que segundo ele era estreitamente dualista.
1.4-Fernando de Azevedo
Mineiro de São Gonçalo de Sapucaí, em São Paulo participa da fundação da
Universidade de São Paulo, que na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
ocupou a cadeira de Sociologia e foi diretor da mesma.
Antes na década de 20 foi responsável pela reforma do ensino no país a
parti de experiências feitas no Rio de Janeiro e no Ceará.
Ao mesmo tempo aristocrata e humanista, unia os anseios liberais e
moderadamente socialistas. Em sua principal obra A cultura brasileira retoma a
tese de uma unidade nacional baseada em diferenças regionais, culturais e
éticas.
1.5-Sérgio Buarque de Hollanda
Inspirando-se na tese de Ribeiro Couto, que identificava o brasileiro
como “homem cordial”, Sérgio teve um pesquisa de primeira mão, com intuito de
negligenciar a interpretação dos fatos. Foi nessa documentação que ele se
baseou para editar em 1936 uma de suas principais obras; Raízes do Brasil, a
qual o tornou autoridade internacionalmente reconhecida sobre assuntos do
Brasil colônia.
Foi um dos pioneiros a utilizar na análise histórica brasileira o método
tipológico de Marx Weber.
Sua obra Visão do paraíso (1959) ele consegue pela primeira vez intervir
na visão estereotipada que os europeus tinham do Brasil.
1.6-Fundação da Escola Livre de Sociologia e Política e da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
Como já abordamos a sociologia como atividade autônoma voltada para o
conhecimento sistemático e metódico da sociedade, só vem aparecer no Brasil na
década de 30 com a fundação da Escola Livre de Sociologia e política, que
sofria forte influencia norte-americana, e da Universidade de São Paulo, com a
Faculdade de filosofia, Ciências e Letras que dedicada a estudos orientados
pela sociologia européia, em destaque a francesa.
Ambas tiveram lecionando em seus âmbitos acadêmicos, professores vindos
do exterior para a formação profissional de vários cientistas sociais. Na USP
estiveram no corpo docente a chamada “missão francesa” Lévi-Strauss, Georges
Gurvitch, Roger Bastide, Paul Arbousse-Bastide, Fernand Braudel, entre outros.
Já para Escola Livre de Sociologia e Política vieram Donald Pierson e
Radcliffe-Brown, trazendo toda metodologia sociológica norte americana.
Foi de imensa importância a vinda desses intelectuais ao Brasil, que
gerou um grupo de sociólogos que passaram a desenvolver todo conhecimento
adquirido em pesquisas já no fim da década de 40, entre eles Maria Isaura
Pereira de Queiroz, Ruy Galvão de Andrada Coelho, Florestan Fernandes, Antonio
de Mello e Souza, Gilda de Mello e Souza, entre outros.
1.7-Década de 40
Esse foi um dos momentos mais críticos da historia da humanidade, pois
acontecia a Segunda Grande Guerra, que consolidou os EUA e a URSS como duas
potencias mundiais, tornando o mundo de certa forma bipolar.
Nessa época o Brasil adquiria uma consciência critica de sua realidade,
complexidade e sua particularidade buscavam-se um nacionalismo. Integração e
mudanças eram temas recorrentes na sociologia do pós-guerra.
Não só o Brasil, mas diversos países latino-americanos receberam
“cronistas viajantes”, assim descritos por Octavio Ianni, que nada mais eram do
que intelectuais estrangeiros, que fugindo da guerra na Europa, procuravam
estruturas sociais diferentes, sociedades que por sua diversidade, poderiam realizar
uma linha de raciocínio diferente daquela já conhecida.
Emílio Willems tem uma grande importância nessa época, com sua obra
Assimilação e populações marginais no Brasil; um estudo sociológico sobre a
contribuição dos imigrantes germânicos e seus descendentes na historia
brasileira. Mas este interesse não se resumiu somente Willems, havia também
muitos jovens sociólogos interessados em avaliar a mobilidade social de
diferentes grupos étnicos, negros, brancos, migrantes, imigrantes de diferentes
nacionalidades, alemães, libaneses, japoneses, italianos. Luis Aguiar Costa
Pinto faz um estudo entre as relações entre brancos e negros no Rio de Janeiro,
já Thales de Azevedo pesquisava a ascensão social de grupos negros em Salvador.
Willems também teve outra importância na sociologia brasileira, junto
com Romano Barreto fundaram a revista Sociologia, que exerceu um papel
importantíssimo na divulgação da Sociologia alemã, já que Willems traduzia os
artigos dos sociólogos alemães para a Revista, dedicando-se especialmente a
obra de seu professor, Richard Thurnwald.
2-SOCIOLOGIA BRASILEIRA NA DÉCADA DE 50
A segunda guerra mundial trouxe profundas desestruturações na sociologia
mundial. Diversos intelectuais europeus migram para America buscando novos ares
para produzirem suas obras. Esses “cronistas viajantes” efervesceram o cenário
sociológico, pois acharam aqui um panorama totalmente diferente da realidade
onde eles viviam.
Esse período foi de grande importância para o desenvolvimento das
ciências da sociedade, pois temas sócio-econômicos eram explorados por
pensadores que tem repercussão ate hoje, são eles: Florestan Fernandes e Celso
Furtado.
2.1-Florestan Fernandes
Florestan Fernandes estudou na USP onde teve grande influencia de Roger
Bastide, o qual desenvolveu com parceria de Florestan um estudo sobre negros e
a questão racial no Brasil, que originou umas de suas mais prestigiadas obras:
A integração do negro na sociedade de classes.
Florestan pregava a “sociologia militante”, que visava unir a teoria com
a prática, logo teve uma grande influencia de Marx. Essa busca em conciliar a
teoria e a ação prática foi uma grande marca em sua vida.
Entendia ele que a sociedade devia ser estudada por fundamentos de sua
organização e suas ocorrências históricas, os dilemas assim por ressaltado.
Esse era motivo de sua concepção de analise, que por muitos foi definida como
“histórico-cultural”. Na visão florestaniana a sociedade brasileira, por ter
uma formação histórica peculiar exigisse uma abordagem com traços nítidos e definidos
no estudo das relações sociais.
Desenvolveu diversas obras dentre elas podemos destacar: A integração do
negro na sociedade de classes; A revolução burguesa no Brasil; Fundamentos
empíricos da explicação sociológica; e A sociologia numa era de revolução
social.
2.2-Celso Furtado
Um dos grandes nomes do pensamento econômico, não só do Brasil, mas como
em toda a America Latina, sem duvida foi Celso Furtado.
Desenvolveu diversos trabalhos na área econômica, principalmente em
parceria com a CEPAL (Comissão Econômica para a America Latina), criando assim
a escola “cepaliana”. E considerado o pai da economia política brasileira.
Antes de Furtado, o pensamento econômico brasileiro era formado por
esquemas interpretativos, como o estabelecimento dos preços e a lei da oferta e
procura, as quais defendiam o interesse das classes dominantes.
Porem Furtado vem desmistificar toda essa ideologia, propondo uma
interpretação histórica da realidade econômica. Defendia que o
subdesenvolvimento não correspondia a uma etapa histórica, mais sim de formação
econômica influenciada com o capitalismo internacional.
Analisava situações de países onde havia um notável desenvolvimento
industrial e o estágio agrário não tina sido superado, como o caso da maioria
dos países latino-americano.
Durante o governo de Goulart, Celso Furtado exerceu celebre trabalho
como diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento (atual BNDES) e da SUDENE,
este no governo JK. Nessa época Furtado era visto como o principal defensor dos
interesses do Brasil perante ao capitalismo internacional.
Suas principais obras são: Desenvolvimento e subdesenvolvimento, livro
que se amplia em volume posterior, Teoria e Política do Desenvolvimento
Econômico; Um projeto para o Brasil; A pré-revolução brasileira; O Mito do Desenvolvimento
Econômico, que ele levanta duas questões a primeira delas diz respeito aos
impactos do processo econômico no meio físico, na natureza – um tema
completamente alheio ao núcleo do pensamento tradicional na economia- e a
segunda se refere à constatação do caráter de mito moderno do desenvolvimento
econômico. Porem seu clássico e Formação Econômica do Brasil, obra esta que faz
um estudo amplo e inédito da realidade histórica econômica do Brasil, do tempo
da colonização portuguesa aos dias atuais, e claros em relação à época em que
ela foi escrita.
3-DITADIRA MILITAR
Na década de 60 a sociologia se preocupou com o processo de
industrialização do país, nas questões de reforma agrária e movimentos sociais
na cidade e no campo e a partir de 1964 o trabalho dos sociólogos se voltou
para os problemas sócio políticos e econômicos originados pela tensão de se
viver em um pais cujo a forma de poder é o regime militar.
Surgiu nessa época também a Teoria da libertação, onde, onde a igreja
passou a radicalizar com seus pensamentos. Nessa época, no Brasil, em que os
militantes católicos se aproximaram dos movimentos no campo, surge a Comissão
Pastoral da Terra, entidade que está na origem do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra – MST. Essa mudança delinear-se já na metade da década de
1950, configurando-se plenamente de 1960 em diante.
A segunda questão diz respeito à derrogação do estatuto da estabilidade,
que até o ano de 1966 regeu a relação social de contrato de compra e venda da
força de trabalho e foi substituído pela sistemática do fundo de garantia por
tempo de serviço. A consideração do caráter despótico do poder imediato do
capital sobre o trabalho levou a problematizar duas tomadas de posições na
produção de conhecimento existente, particularmente na área de Sociologia
Industrial e do Trabalho. A primeira é a consideração de relações de trabalho
de dominação/subordinação de cunho patrimonialista na indústria brasileira. A
segunda é sobre o caráter integração/ ajustamento/adaptação do trabalhador na
empresa industrial presente naquela consideração.
Na década de 60, os estudos sobre a formação do moderno operariado
fabril no Brasil e América Latina, centravam-se em alguns binômios
representativos: industrialização/urbanização, moderno/tradicional, migração
rural/urbana; mobilidade social/acesso aos bens materiais e simbólicos da
sociedade moderna, o meio urbano-industrial/baixa organização sindical dos
trabalhadores.
A classe operária foi revisitada, perdendo determinações e teleologias,
recuperando-se experiências, cultura e cotidianidade que permitem discuti-la em
sua multiplicidade, fora dos limites de sua representatividade
externo-organizativa e também do chamado “chão de fábrica”, das tecnologias,
dos processos. As relações sociais no mundo do trabalho passam a ser analisadas
imbricadas com o mundo da vida onde fatores como família e redes de
sociabilidade informais, demonstram possuir um peso antes desconsiderado.
A classe com o sujeito se multiface ta nos indivíduos que a compõem:
homens, mulheres, crianças, jovens, velhos, com seus projetos e perspectivas. A
análise dessas práticas permite compreender os sentidos atribuídos pelos
trabalhadores às suas condições de existência e à construção de identidades
sociais.
Azevedo (1951), enfocando esta fase de introdução do ensino da
Sociologia em escolas do País (1928-1935), argumenta que a origem da
consolidação da Sociologia na mesma deve ser procurada, não em uma única causa
determinante, senão em múltiplas causas que estão estreitamente ligadas, sendo
possível distingui-las unicamente para fins analíticos. A multiplicidade de
fatores decorrentes dos contatos, conflitos e acomodações de povos e culturas
diversas; o contraste entre as sociedades em mudança e as culturas de folk
remanescentes em toda a vasta extensão territorial; a variedade de paisagens culturais
e a contemporaneidade ou justaposição nas realidades concretas, de séculos ou
de “camadas históricas”, deveriam certamente sacudir a atenção e despertar o
interesse pelo estudo científico dessas realidades sociais vivas e atuais.
3.1-O período da Sociologia Científica
O início do período da Sociologia Contemporânea corresponde à fase de
emergência da Sociologia Científica, que buscava, sob a égide do paradigma
estrutural-funcionalista, a consecução de um padrão de institucionalização e
prática do ensino e da pesquisa em sociologia, similar ao dos centros
sociológicos dos países centrais. A concepção de desenvolvimento desta
abordagem teve sua expressão na Teoria da Modernização e em sua análise do
processo de transição da sociedade tradicional para a sociedade moderna. Os
anos 50 foram marcados também pelo surgimento da proposta de uma “Sociologia
Autêntica”, nacionalista, que buscava contribuir para o processo de libertação
nacional e que tem na obra de Guerreiro Ramos (1957 e 1965) sua referência principal.
Teoricamente, a controvérsia entre Guerreiro Ramos e Florestan Fernandes
dominou a cena da comunidade sociológica brasileira durante esse período, tendo
por fulcro central a questão da particularidade e/ou universalidade do
conhecimento social produzindo no Brasil A Teoria da Modernização concebe o
processo de desenvolvimento como uma transição de uma sociedade rural
tradicional para uma sociedade industrial moderna (Germani, 1969).
A “Sociologia Científica” caracterizada pela “adoção dos princípios
básicos do conhecimento científico em geral, embora tenha suas próprias
especificidades”, assim como pelo “desenvolvimento de procedimentos de pesquisa
extremamente refinados e muito mais poderosos do que os previamente
utilizados”. As conseqüências disso são uma “tecnificação crescente da
Sociologia, dada à estandardização dos procedimentos de pesquisa, o uso
generalizado de instrumentos selecionados de pesquisa, a ‘rotinização
ecoletivização das atividades, a necessidade crescente de recursos financeiros,
espaços físicos e equipamentos, e de pessoal técnico e administrativo”
(Germani, 1964).
- O Período de crise e diversificação da Sociologia Brasileira, em fins
dos anos 50 e início dos anos 60, foi resultado de uma crítica marxista e
implicou uma crescente diferenciação paradigmática que foi potencializada, já
no decorrer do período de crise e diversificação da Sociologia brasileira,
pelos eventos político-culturais dos períodos 1964/1968 e 1969/1974. Essa
crítica marxista teve nos países latino-americanos, os quais, ao não serem
apreendidos, levaram a uma série de desastres político-militares como, no
Brasil, a derrota da guerrilha urbana e a morte dos líderes guerrilheiros
Marighella e Lamarca, e a derrota da guerrilha do Araguaia; O impacto negativo da
instauração do regime autoritário sobre a evolução sociológica brasileira está
relacionado diretamente com o golpe de 64 e com o “golpe dentro do golpe” de
1968 que tem no AI-5 seu marco principal. O fechamento do ISEB, em 1964, os IPM
e as cassações pareciam indicar que as ciências sociais brasileiras estavam
entrando em um período recessivo. Porém houve uma expansão, que teve seu centro
de gravitação nos cursos de pós-graduação que foram criados e consolidados como
centros de ensino e pesquisa, particularmente após a Reforma Universitária
de1969, e teve por contraponto a criação e as atividades de centros privados de
pesquisa tais como o CEBRAP, o CEDEC, e o IDESP (Sorj e Mitre, 1985).
Sorj e Mitre indicam que: Nos primeiros anos do regime militar, no período
que se estende entre 1964 e 1969, os prognósticos pessimistas pareciam
confirmar-se. As cassações de professores universitários logo depois do golpe,
e posteriormente, com impacto ainda maior, aquelas que se seguiram ao AI-5,
levou a pensar que as ciências sociais entrariam em recesso no Brasil. Neste
mesmo período ‚ foi aplicada a reforma universitária, que com assessoria
americana encontra a vontade da comunidade acadêmica. Embora importantes ambos
os fenômenos não chegaram a abalar fundamentalmente o futuro desenvolvimento
das ciências sociais ainda que certos centros universitários como a USP e UFRJ
possam ter sofrido individualmente um impacto maior. Isto, em primeiro lugar,
porque um número importante de cientistas sociais cassados permaneceu no país,
inclusive auto-organizados em centros como o CEBRAP, e em segundo lugar,
nenhuma instituição chegou a ser fechada ou mesmo esvaziada, permanecendo nos
seus
A Reforma Universitária de 1969, introduzindo o sistema de parta mental
e as novas regras e requerimentos para a carreira universitária (incluída a
formação em nível de pós-graduação), assim como o novo formato dos programas de
pós-graduação e das atividades de pós-graduação.
Principais Autores:
3.2-Goffman
Os trabalhos de Goffman começam a ser mais conhecidos no Brasil em
meados dos anos 60. As ciências sociais no país tinham, na época, como
referências principais o marxismo e o estruturalismo, com suas diferentes
versões e facções. O nacionalismo antiimperialista e o próprio regime militar,
com as radicalizações a ele associadas, não constituíam, propriamente, um
estímulo à divulgação de autores norte-americanos, principalmente quando não
ligados de modo nítido a uma preocupação de análise mais ampla de processos
socio-históricos. Mas nos anos que se seguiram ao golpe de 1964, e mesmo no
período imediato que o precedeu, houve uma forte tendência de rejeição à
produção norte-americana, classificada de empirista e pouco sofisticada.
No entanto, já mais perto do final da década de 60, o crescente interesse
por uma análise e política do cotidiano permite uma abertura maior em relação a
estudos classificados, às vezes de forma um tanto pejorativa, como “micro”.
É dentro desse quadro que, sobretudo, antropólogos e profissionais da
área passam a se interessar por Goffman. Embora com certo atraso, começam a ser
publicados alguns de seus textos. A Representação do Eu na Vida Cotidiana
(1959, 1975), Manicômios, Prisões e Conventos (1961, 1974) e Estigma (1963,
1975) são lançados por editoras diferentes com boa receptividade. A
Representação do Eu e Estigma foram publicados em coleções dirigidas por
antropólogos, Roberto Da Matta e Castro Faria.
3.3-Luiz Pereira
Nascido em 1933 e falecido em 1985, o autor teve formação acadêmica,
desde a graduação até o Doutorado, na Universidade de São Paulo. () No período
entre 1955 e 1958, concluiu o Bacharelado e a Licenciatura em Pedagogia. Os
títulos de Mestre em Sociologia e Doutor em Ciências Sociais foram obtidos no
início da década de 60, ambos sob a orientação de Florestan Fernandes.
A obra de Luiz Pereira pode ser organizada a partir de sua recorrência a
três temas:
Dimensão educacional dos processos sociais.
Processo de desenvolvimento.
Diversas faces do modo de produção capitalista no Brasil.
O primeiro tema corresponde ao momento inicial de sua produção
acadêmica, compreendendo o período entre 1960 e 1967. São dessa época os seus
primeiros estudos em Sociologia da Educação como matéria de estudos acadêmicos
e objeto de investigação.
O processo de desenvolvimento social como objeto de suas investigações
sociológicas correspondeu ao segundo período de sua obra, iniciado no final dos
anos 60.
4-REDEMOCRATIZAÇÃO
Com a abertura política nos anos 80 o país busca retomar sua identidade
social. Durante o regime militar, muitos intelectuais foram aposentados e
impedidos de lecionar outros foram exilados ou se exilaram por espontânea
vontade, passando a publicar suas obras no exterior.
Tendo o fim do bipartidarismo, agora sendo pluripartidal, um grande
número de celebres pensadores decidem deixar a cátedra para ingressar na
política.
Darcy Ribeiro, por exemplo; filia-se ao PTB (Partido Democrático
Trabalhista), este de Getulio Vargas que reivindicava o nacionalismo e o
populismo. Outros nomes da sociologia ajudaram a fundar o PSDB (Partido da
Social-Democrata Brasileiro) como Fernando Henrique Cardoso, este assumindo a
Presidência da Republica em 1994 sendo o primeiro sociólogo na historia assumir
tal cargo, falaremos dele mais a frente.
Entretanto o partido que mais se beneficiou com essa nova atuação dos
cientistas sociais foi o PT (Partido dos Trabalhadores). Nomes como Florestan
Fernandes, Antonio Candido e Mello e Souza e Francisco Weffort foram alguns que
engajaram na luta política do PT.
Esse engrossamento de intelectuais foi de imensa importância para o
período histórico que o país vivia, tratava-se de uma integração das teorias
sociais e praticas políticas, e o resultado dessa parceria viria em 1988 quando
foi promulgada a nova Constituição do Brasil, a sétima em vigor porem a única
com o emblema de “cidadã”, como dos descrita por Ulysses Guimarães.
Percebe-se também nessa época uma grande diversificação das ciências
sociais em nosso país, e de se ressaltar que o Brasil sempre foi um campo
fértil para ciências sociais, devido a toda sua historia, mas no período em que
referimos à multiplicidade dos campos de estudo, em especial na sociologia.
Surgem diversos estudos e análises sobre a questão feminina, do menor, das
favelas, das artes, da violência urbana e rural, entre outras.
A sociologia se torna cada vez mais interdisciplinar e plural no Brasil.
Os sociólogos buscam redefinir seus conceitos de interdependência em um mundo
cada vez mais globalizado.
Não poderíamos deixa de falar com minuciosidade de Fernando Henrique
Cardoso. Nasceu no Rio de Janeiro RJ em 18-IV-1931, já em 1949 começou a
estudar sociologia na USP onde lecionaria quatro anos mais tarde. Com o golpe
de 64 se exilou no Chile e argentina. Trabalhou como professor em diversas
instituições pelo mundo como a Universidade de Nantere e a Faculdade de
Ciências Socias de Santiago, no Chile. Foi também nomeado diretor-adjunto do
Instituto Latino-Americano de Planificação Econômica Social.
Em seus estudos sociológicos, pesquisou a evolução social da America
Latina e analisou a dependência dos países subdesenvolvidos no sistema
internacional de produção e comercio, este pensamento e descrito com clareza em
suas obras: Dependência e Desenvolvimento na America Latina (1964) esta escrita
em parceria de Enzo Faleto, e Política e Desenvolvimento em Sociedades
Dependentes: ideologias do empresariado industrial argentino e brasileiro.
Nesta fase FHC, como e conhecido por seu acrônimo, se destina a sociologia do
desenvolvimento, porém ele também aprofundou se pela sociologia politica, pois
teve um grande destaque na politica nacional, como ja foi citado, sendo
senador-suplente de Franco Montoro em 78 e assumindoa cadeira quando Montoro
assumio o governo de São Paulo, elegendo do se novamente ao senado, agora pelo
PSDB, partido esse que ajudou a fundar e que é Presidente de Honra. Em 1994 foi
eleito Presidente de Republica reelegendo-se em 98.
5-SOCIOLOGIA NOS DIAS ATUAIS
Nos dias atuais a sociologia busca cada vez mais sua posição perante asa
ciências sociais, buscando novos rumos e uma metodologia que se encaixe nos
novos temas que aparecem na mudança de século.
Um marco que se acontece e a firmação da sociologia na grade curricular
em escolas do ensino médio, uma grande conquista, pois há pouco tempo
sociólogos eram perseguidos pela ditadura militar, também e um grande salto se
levarmos em conta que a sociedade brasileira esta “engatinhando” em busca de
uma real democracia.
E de se destacar a obra de José Pastore e Nelson do Valle Silva;
Mobilidade Social no Brasil. Nesta obra os autores vêm trazer os resultados da
mobilidade social no Brasil, fazendo uma comparação entre dados adquiridos nas
décadas de 1970 e final dos anos 90. Este trabalho apresenta ascendência de uma
nova classe media que vem se formando nas bases, no Brasil é um país onde
muitos sobem pouco, e poucos sobem muito, o que gera um inchaço na base da
pirâmide social.
Nesta mesma obra, o prefacio fica a parte de Fernando Henrique Cardoso,
que diz:
“[...] a sociedade brasileira e dotada de imensa mobilidade social. Essa
mobilidade se deixa captar por vários índices e alguns deles merecem especial
menção: entre 1973 e 1996, por exemplo, os dados mostram que a maioria dos
brasileiros melhorou de vida, ou seja, teve uma mobilidade ascendente; nesse
período o extrato social de renda superior cresceu 40%, passando de 3,5% para
4,9% do total. Ao mesmo tempo, houve um estreitamento da base da pirâmide
social graças à redução em cerca de 25% das camadas pobres de 32% para
24%.[...] A nova classe media talvez seja apenas o aspecto mais visível de um
processo que, movido por forças profundas como a reordenação dos espaços
econômicos, o deslocamento de populações, e as mudanças nas estruturas
produtivas com peso crescente do setor de serviços, vem revolucionando nosso
entorno social.”
Em outras palavras, a mobilidade social no Brasil começa a ser
determinada por elementos de competição no mercado de trabalho, o que é comum
nos países mais desenvolvidos, onde o papel da educação e essencial no contexto
mobi-social.
Ayrton Fausto representa atualmente e um grande nome da sociologia
nacional, e diretor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO)
uma das maiores organizações que visa à construção de sociedades mais justas,
através da democratização, pela crescente participação da sociedade, da
política, da economia e da cultura. A FLACSO no Brasil teve sua criação em
1981, como projeto, tornando-se Sede Acadêmica em 1989. Ayrton Fausto abrange
em seus estudos sociais a mesma finalidade da FLACSO a construção de sociedades
mais justas, como o contexto internacional, globalização, integração
supranacional e democracia, o panorama da economia e da política internacionais
neste fim de século, o desemprego; a crise fiscal e do estado de bem-estar
social; as migrações em massa por razões econômicas e/ou de perseguição
política; o aumento da criminalidade e da corrupção e outros temas polêmicos da
nossa sociedade.
A sociologia do século XXI torna-se cada vez mais interdisciplinar e
plural, se diversifica cada vez mais, pois a uma grande multiplicação nos
objetos de estudos.
6-CONCLUSÃO
A sociologia e uma ciência muito complexa, e para a realidade brasileira
ela tem uma particularidade. Mesmo vindo a aparecer como método sistemático
cientifico no Brasil somente na década de 30, o pensamento sociológico sempre
existiu, tanto nas idéias abolicionistas como nas republicanas, o losango em
nossa bandeira e símbolo do positivismo europeu trazido por estes idealizadores
no final do século XIX.
O estudo da particularidade da sociedade brasileira sempre foi meta de
estudo dos sociólogos, pois o Brasil e um caso a parte a ser estudado pela
sociologia, e este trabalho tem o intuito dessa realidade vivida.
7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo: Moderna, 2007.
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Ed- São Paulo: Makron Books, 2000.
TOMAZI, Nelson Dacio (coord.). Iniciação à sociologia. 2ª Ed- São Paulo:
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VITA, Álvaro de. Sociologia da sociedade brasileira. 5ª Ed- São Paulo:
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